Tiago Ormonde, Ex Presidente do SC Praiense envia Carta a Fernando Gomes da FPF e subscrita por 53 associados do clube

Foram cinquenta e três sócios (o mesmo número de pontos conquistados pela equipa esta época até ao momento da interrupção), atuais e antigos dirigentes, treinadores e atletas e personalidades do Sport Clube Praiense, subscreveram uma carta escrita pelo antigo presidente do clube, Tiago Ormonde, dirigida a Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, em que é feito o apelo para a revisão da decisão de não permitir que o emblema açoriano dispute o acesso à Liga 2.

Carta na íntegra:

Sr. Presidente da Federação Portuguesa de Futebol,

Dr. Fernando Gomes,

Escrevemos-lhe estas breves linhas com o coração cheio de esperança.

1947 foi o ano da fundação do Sport Club Praiense. Nasceu de um sentimento profundo da vontade de um povo e de uma cidade, Praia da Vitória. Da consciência das suas gentes de se unirem em torno de uma causa comum, com o orgulho e alegria que só o Futebol pode dar.

Hoje, felizmente, o futebol é um desporto que quando vivido localmente reveste um carater único de paixão que aquece o coração das nossas gentes. Na Praia da Vitória, nos Açores, também é assim.

O Futebol é um dos setores económicos com maior impacto em comunidades como a nossa. O Município que abraça o Sport Club Praiense é de média dimensão e carrega consigo todas as adversidades e custos acrescidos de uma insularidade. A instituição desportiva a que preside V. Ex.ª, pela responsabilidade que tem na organização das provas nacionais de futebol, não se pode demitir das suas obrigações sociais: criar igualdade de oportunidades, de contribuir para a criação de emprego e consequentemente para os rendimentos das famílias e das empresas locais.

Fazemos-lhe um apelo. Ajude-nos a contar aos nossos filhos e netos uma bonita história, com um final feliz. Era uma vez o nosso Praiense, viviam-se tempos difíceis e atípicos, e um dia, a Direção da FPF, precipitadamente, injustamente e involuntariamente, tomou uma decisão que emergiu sentimentos de tristeza e revolta na nossa Praia da Vitória. Depois de uma época desportiva de investimento público e privado, de esforço e sacrifício e de mérito desportivo, de repente, pela aplicação de um determinado critério, o Praiense ficou afastado da possibilidade de aceder aos campeonatos profissionais de futebol quando liderava a Serie C do Campeonato de Portugal, com 53 pontos. Era um sonho que ficava desfeito. Mas, contaremos nós, mais tarde, com ponderação, humildade e reconhecimento, a FPF primou pelo exemplo, repôs a justiça, devolveu o que era nosso por direito próprio e realizou o sonho dos Praienses.

Nesse dia, vamos nós dizer, fez-se história, e sem mágoa ou rancor, despoletou-se alegria, gratidão e orgulho de se ser Açoriano, da Praia da Vitória e dos “encarnados” da Praia.

Estando certos da sua melhor atenção a esta missiva, subscrevemo-nos, 53 sócios e amigos do Sport Club Praiense, um de nós por cada ponto que a nossa equipa conquistou esta época.

foto/JEdgardo Vieira

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